segunda-feira, 8 de abril de 2013

TUDO QUE VICIA COMEÇA COM “C”



Por alguma razão que ainda desconheço, minha mente foi tomada por uma ideia um tanto sinistra: vícios…
Refleti sobre todos os vícios que corrompem a humanidade.
Pensei, pensei e, de repente, um insight: tudo que vicia começa com a letra C!
De drogas leves a pesadas, bebidas, comidas ou diversões, percebi que todo vício curiosamente iniciava com cê.
Inicialmente, lembrei do cigarro que causa mais dependência que muita droga pesada. Cigarro vicia e começa com a letra c.
Depois, lembrei das drogas pesadas: cocaína, crack e maconha. Vale lembrar que maconha é apenas o apelido da cannabis sativa que também começa com cê.
Entre as bebidas super populares há a cachaça, a cerveja e o café. Os gaúchos até abrem mão do vício matinal do café, mas não deixam de tomar seu chimarrão que também - adivinha ? - começa com a letra c.
Refletindo sobre este padrão, cheguei à resposta da questão que por anos atormentou minha vida: por que a Coca-Cola vicia e a Pepsi não? Tendo fórmulas e sabores praticamente idênticos, deveria haver alguma explicação para este fenômeno. Naquele dia, meu insight finalmente revelara a resposta. É que a Coca tem dois cês no nome enquanto a Pepsi não tem nenhum. Impressionante, hein?
E o computador e o chocolate? Estes dispensam comentários.
Os vícios alimentares conhecemos aos montes, principalmente daqueles alimentos carregados com sal e açúcar. Sal é cloreto de sódio. E o açúcar que vicia é aquele extraído da cana.
Algumas músicas também causam dependência. Recentemente, testemunhei a popularização de uma droga musical chamada “créeeeeeu”. Ficou todo o mundo viciadinho, principalmente quando o ritmo atingia a velocidade? cinco.
Nesta altura, você pode estar pensando: sexo vicia e não começa com a letra C. Pois você está redondamente enganado. Sexo não tem esta qualidade porque denota simplesmente a conformação orgânica que permite distinguir o homem da mulher. O que vicia é o ato sexual e este é denominado coito.
Pois é. Coincidências ou não, tudo que vicia começa com cê.
Mas atenção: nem tudo que começa com cê vicia. Se fosse assim, estaríamos salvos, pois a humanidade seria viciada em Cultura.”

( Luiz Fernando Veríssimo )


sábado, 6 de abril de 2013

PREZADA MULHERZINHA




Se existe alguém que pode falar o que vou falar para você, sou eu.
Então, por favor, tenha a humildade de admitir que sei o que estou falando.
Pois o que eu te direi é duro, mas poderá te fazer um bem enorme. Chega. Chega de se comportar assim. Como se estivesse lutando pelo posto de rainha da bateria. De Miss Maravilha do Mundo.
Basta de ataques, dessa competitividade suburbana eu sou a melhor, eu sou a mais alta, eu sou a mais gostosa do pedaço. Ninguém tá ligando a mínima se você corre 10 quilômetros ou se aplicou Botox nessa sua testa sem expressão. Ou se você é assim porque ainda não passa de uma menininha que quer ser mais perfeita do que a mãe, conquistar o amor do pai e ser a primeira da classe. Esse teu afã psicopata de vencer todas as paradas só te deixa ridícula. E me faz querer usar um termo que odeio: coisa de mulherzinha.
Mulherzinha é que tem essa mania de estar sempre desconfiada das amigas, porque todas teriam inveja do seu corpão e do seu cabelão estilo falso-loiro-natural-cinco-tons. Lamento informar, querida, que ninguém sente inveja de você. Por isso, chega de dizer por aí que, para não atrair olho grande, é bom ficar de bico fechado sobre a tal possível promoção que você terá no trabalho. Relaxa, ninguém está a fim de ser você. Tente, portanto, ser você com mais leveza. E lembre-se: esse negócio de dizer que não se pode confiar em mulheres só comprova que você é uma pessoa maliciosa. Sendo que isso está longe de ser porque você é fêmea.
Quando vejo você tagarelando sobre seus feitos sexuais, sinto-me num filme ruim sobre ginasianas americanas. Todas fanhas e excitadas. Chega, tá? De azucrinar os outros com essa sua boca-genital lambuzada de gloss, cuspindo baixos-clichês, simulando uma modernidade que você não tem. Nunca mais caia no ridículo de fazer "sexo casual" com nenhum tipo de homem, mais velho ou mais novo, casado ou solteiro, porque todo mundo já sabe que você finge tudo. Que goza, que não se sente fácil, que não liga quando os caras não telefonam no dia seguinte.
Seja honesta uma vez na vida: confesse. Que você não é nada tão wild quanto se vende. Que não sabe falar tão bem inglês assim. Que fez escova progressiva. Que tem dermatite. E enfim você terá alguma paz, pois se reconhece humana, e não a barbie boba que você procura ser. Acredite: idiotice só te faz charmosa para os cafajestes. Se continuar assim, nunca vai aparecer aquele cara bacana que você gostaria que aparecesse; para lutar por você, até te conquistar, e destruir essa tua linda silhueta com uma gestação de 15 quilos. É triste, amiga Mulherzinha, mas você terá que abrir mão da máscara de rímel que cobre a sua verdade.

(Fernanda Young)


sábado, 12 de janeiro de 2013




"O que me tranquiliza é que tudo o que existe, existe com uma precisão absoluta. O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete não transborda nem uma fração de milímetro além do tamanho de uma cabeça de alfinete. Tudo o que existe é de uma grande exatidão. Pena é que a maior parte do que existe com essa exatidão nos é tecnicamente invisível. Apesar da verdade ser exata e clara em si própria, quando chega até nós se torna vaga pois é tecnicamente invisível. O bom é que a verdade chega a nós como um sentido secreto das coisas. Nós terminamos adivinhando, confusos, a perfeição."

(Clarice Lispector)



Não entendo.
Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender.
Entender é sempre limitado.
Mas não entender pode não ter fronteiras.
Sinto que sou muito mais completa quando não entendo.
Não entender, do modo como falo, é um dom.
Não entender, mas não como um simples de espírito.
O bom é ser inteligente e não entender.
É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida.
É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice.
Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco.
Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.

( Clarice Lispector )

Dá-me a Tua Mão




Dá-me a tua mão: Vou agora te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta. De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois fatos existe um fato, entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir – nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.

( Clarice Lispector )

Escrever, Humildade, Técnica




Essa incapacidade de atingir, de entender, é que faz com que eu, por instinto de… de quê? procure um modo de falar que me leve mais depressa ao entendimento. Esse modo, esse “estilo” (!), já foi chamado de várias coisas, mas não do que realmente e apenas é: uma procura humilde. Nunca tive um só problema de expressão, meu problema é muito mais grave: é o de concepção. Quando falo em “humildade” refiro-me à humildade no sentido cristão (como ideal a poder ser alcançado ou não); refiro-me à humildade que vem da plena consciência de se ser realmente incapaz. E refiro-me à humildade como técnica. Virgem Maria, até eu mesma me assustei com minha falta de pudor; mas é que não é. Humildade com técnica é o seguinte: só se aproximando com humildade da coisa é que ela não escapa totalmente. Descobri este tipo de humildade, o que não deixa de ser uma forma engraçada de orgulho. Orgulho não é pecado, pelo menos não grave: orgulho é coisa infantil em que se cai como se cai em gulodice. Só que orgulho tem a enorme desvantagem de ser um erro grave, com todo o atraso que erro dá à vida, faz perder muito tempo.

( Clarice Lispector )

"Enquanto não encerramos um capítulo, não podemos partir para o próximo.
Por isso é tão importante deixar certas coisas irem embora, soltar, desprender-se.
As pessoas precisam entender que ninguém está jogando com cartas marcadas,
às vezes ganhamos e às vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço,
que descubram seu gênio, que entendam seu amor.
Encerrando ciclos.
Não por causa do orgulho, por incapacidade ou por soberba,
mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira.
Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é."
Fernando Pessoa

domingo, 16 de setembro de 2012

As melhores maçãs


"As Melhores Mulheres pertencem aos homens mais atrevidos. Mulheres são como maçãs em árvores. As melhores estão no topo. Os homens não querem alcançar essas boas, porque eles têm medo de cair e se machucar. Preferem pegar as maçãs podres que ficam no chão, que não são boas como as do topo, mas são fáceis de se conseguir. Assim, as maçãs no topo pensam que algo está errado com elas, quando na verdade, ELES estão errados... Elas têm que esperar um pouco mais para o homem certo chegar... aquele que é valente o bastante para escalar até o topo da árvore”.

(Machado de Assis)

quarta-feira, 29 de agosto de 2012




Juízo é algo que você adquire com o tempo.
Experiência é um remédio amargo que a
vida lhe dá, para ser tomado com uma
gotinha de consciência.
Sabedoria é um sonho que muita gente
persegue, mas pouca gente realiza.
Sucesso ou fracasso são pontos de vista.
Reputação é o ouro que reveste a pílula.
Satisfação é o derradeiro objetivo da existência.
A vida humana, como cada
um de nós experimentou em diferentes
medidas, é semeada de provas,
de dificuldades, de sofrimentos.
Todavia, a dor é necessária e inevitável,
pois constitui o próprio mecanismo evolutivo.
A vida é apenas uma escola
na qual nos submetemos a duras disciplinas,
a provas de toda espécie, até que, a pouco
e pouco, aprendemos a nos destacar do
molde e a reconhecer
a divindade que temos latente em nós.
Conservem sempre um ideal de perfeição,
porque todo o modelo retido na mente
é copiado pela vida
(Autor Desconhecido)


"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria.
E só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.
"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo,
ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer
garantir seus tostões no fim do mês.
"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
"Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.
"Diabético" é quem não consegue ser doce.
"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer.
E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois
"Miseráveis" são todos que não conseguem enxergar a grandeza de Deus.

Frases soltas



"Sou o intervalo entre o meu desejo e aquilo que os desejos dos outros fizeram de mim."
"A morte chega cedo, pois breve é toda a vida. A morte é a curva da estrada."
"A vida é um hospital, onde quase tudo falta. Por isso ninguém se cura. E morrer é que é ter alta."
" A morte é a curva da estrada: morrer é só não ser mais visto."
"Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver,
acrescentariam nova luminosidade às estrelas,
nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens."
"Pedras no meu caminho,
guardo todas...
um dia vou construir um castelo!"



"Bendito quem inventou o belo truque do calendário,
pois o bom da segunda-feira,
do dia 1º do mês e de cada ano novo
é que nos dão a impressão de que a vida não continua,
mas apenas recomeça..."
(Mário Quintana)



Mas tudo na vida é escolha.
E aprendizado.
Cada um escreve à sua maneira
e tem alguém por aí que pode ser capítulo.
Ou introdução.
Depende do espaço que você dá.
E de como alguém vai escrever história em você.

Fernanda Mello



"Intuição é quando seu coração dá um pulinho no futuro e volta rápido".
"Raiva é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes".
"Tristeza é uma mão gigante que aperta seu coração".
"Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma".
"Amizade é quando você não faz questão de você e se empresta pros outros".

(Adriana Falcão)



"Hoje é dia de letra nova.
De página em branco.
De frio na barriga.
Escrever pode ser doloroso.
Pode ser reconfortante.
Pode ser terapia.
Mas não importa.
Palavras me constroem.
E me vestem.
Mostrando o que (por hora)
eu não quero mais esconder".

(Fernanda Mello)


"Não voltaria no tempo para consertar meus erros,
não voltaria para a inocência que eu tinha - e tenho ainda.
Terei saudades da ingenuidade que nunca perdi?
Não tenho saudades nem de um minuto atrás.
Tudo o que eu fui prossegue em mim."

(Martha Medeiros)


"Eu acho que ser mulher é a coisa mais bacana que existe.
Nós somos complexas.
Levemente malucas. Fofas.
Temos obsessões por coisas que só nós entendemos.
Morremos de frio quando a temperatura desce míseros graus.
E viramos onça, quando preciso.
Somos, na verdade, seres completamente hormonais e emocionais.
Nós inventamos a doçura (sabia?).
E gostamos de criar (e recriar) por natureza".

FERNANDA MELLO



Quero uma primeira vez outra vez.
Um primeiro beijo,
uma primeira caminhada por uma nova cidade,
uma primeira estréia em algo que nunca fiz,
quero seguir desfazendo as virgindades que ainda carrego,
quero ter sensações inéditas até o fim dos meu dias.

(Martha Medeiros)

Coisas que todas nós temos que ter em mente.


Existem dois tipos de homem. 
O que tem papo pra boi dormir 
e o que tem papo pra dormir com a vaca.
.
De nada adianta o cara ter um INMETRO, 
se não for aprovado pelo MEC. 
(Em outras palavras, de que me vale um gostoso, burro?)
.
Macho pra mim é aquele que cumpre sua palavra. 
O fodão é aquele que tem várias opções de mulheres 
e escolhe todos os dias a mesma. 
E o bonzão, é o que sabe o valor de uma mulher. 
Esse resto que fica ai andando pela rua 
achando que é homem, típico ''MENINO'', 
pra mim não serve!
.
A culpa não foi sua por não ter dado certo, a culpa foi minha,
por achar que você ia dar conta do recado... 
Homenzinhos não sabem lidar com mulherões.
.
Nunca dou nome aos bois. 
Mas adoraria dar nomes às vacas.
.
Tenho convites sobrando pra mandar alguém pra pqp, ta afim de um?
.
Sabe o que você merece? 
Uma vadia, sério. 
Daquelas que trate bem mal, 
que te faça de gato e sapato, 
que pegue 8 de uma vez na tua frente, 
e que seja bem, mas bem cretina. 
E sabe o que você vai fazer? 
Continuar correndo atrás dela. 
Porque além de demente, você é otário.
.
Pode pegar, se eu joguei fora é porque não me serve mais. 
São os sapos que se transformam em príncipes, não os cachorros. 
E em terra de Leoa meu bem, cachorra não tem vez
.
Prefiro um bom sapato a um homem mais ou menos. 
Pelo menos o sapato aumenta minha auto-confiança, 
e eu sei exatamente onde irá me machucar.
.
Aprenda que: 
Tem dias que estou hiper sensível 
e tem dias que estou bandida. 
Portanto, quando eu estiver sensível, cuide de mim. 
E quando estiver pra bandida, cuide muito bem de você.
.
Eu era o tipo de mulher que para mostrar que tinha força 
já colocava em prática a frase: 
“Eu vou enfiar a mão na cara dela!” 
Hoje em dia eu uso a força sim, 
mas a força do pensamento:
“Ela vai tropeçar,cair de cara no chão,
vai ficar com a cara arrebentada, 
uma linda cicatriz e com o corpo todo doído.” 
(no mínimo, depende do estágio da raiva). 
E eu vou continuar calma, ilesa 
e sem sujar as minhas mãos com merda. 
Aprendi a ter auto-controle e não fazer mal a ninguém, só a desejar!
.
As pessoas têm que entender que bonita não é gostosa, 
inteligente não é nerd, tímida não é santa 
e comer é para comida e não para mulher! 
Quer coxa e peito? Compra um frango.
.
Tem homem que é melhor de boca calada. 
Tem homem que é melhor de zíper fechado. 
O difícil é arrumar um que seja bom nas duas coisas abertas.

sábado, 4 de agosto de 2012



Na hora da saudade, da tristeza, do desamparo,
é com ele que contamos: o tempo.
Queremos dormir e acordar dez anos depois
curados daquela idéia fixa que se instalou no peito,
aquela obsessão por alguém que já partiu de nossas vidas.
No entanto, tudo o que nos invadiu com intensidade,
tudo o que foi realmente verdadeiro e vivenciado
profundamente não passa. Fica.
Acomoda-se dentro da gente e de vez em quando cutuca,
se mexe, nos faz lembrar da sua existência.
O grande segredo é não se estressar com este inquilino incômodo,
deixá-lo em paz no quartinho dos fundos
e abrir espaço na casa para outros acontecimentos.

Martha Medeiros

segunda-feira, 23 de julho de 2012

TODA MULHER É MEIO AMY WINEHOUSE


Por Fernanda Young

"Quem não tiver uma Amy Winehouse dentro de si que se apresente. Vai se apresentar para uma platéia vazia, obviamente, pois nessas ninguém está interessado. Mulheres que não admitem a sua dor – aquelas que são perfeitamente esquecíveis – não merecem nenhuma poesia, ou rascunho, ou rápida melodia, pois se recusam a abrir mão do conforto de uma farsa em nome de uma verdadeira vocação: a de sofrer belamente.
O Drummond escreveu que “a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional”. Um verso bonito, além de sábio, porém tipicamente masculino. Mulheres não sofrem por opção, sofrem por evolução. Nós sofremos porque percebemos coisas que os homens ainda não são capazes. Talvez, um dia.
Não há, portanto, a mulher que não sofra – há a que não se mostra. Já que o sofrimento é, para nós, uma espécie de vestido lindo, antigo e bem adornado; um Paul Poiret. À nossa disposição, no cabide. Então usaremos essa roupa, não tenham a menor dúvida. E algumas de nós o farão em público, deslumbrantemente. Como é o caso da Amy.
Você olha para ela e vê que aquela é sua maior aptidão: existir sob esse manto raro, por vezes sombrio, que a cobre. Não há nada em Amy Winehouse que não seja genuíno, e isso consegue ser gritante em sua música suave enquanto doce em sua aparência rude.
Atraente e repugnante ao mesmo tempo. Linda e digna de pena. Ora, pode haver imagem mais explícita da crucial inconstância feminina? Óbvio que é disgusting vê-la toda borrada, sem um dente, com sapatilhas a lhe denunciar as picadas que dá nos pés. Mas também é maravilhoso vê-la tão pequena, antiga de tão moderna, na medida que só os autênticos conseguem ser, e se equilibrar. Mesmo que essa idéia, a de equilíbrio, não pareça muito adequada à Amy. Para mim, é.
Amy Winehouse é um acontecimento secular, tipo Billie Holliday, Edith Piaf. A gente não tem como exigir higiene, ou conduta, ou senso de preservação, ou auto-estima, dessas mulheres. Seria pedir demais.
Como dizer para essa moça o que ela talvez devesse ouvir? “Ei, Amy, deixe esse cara pra lá, ele não vale tanto a pena.” “Ei, Amy, faz o seguinte: toma no máximo cinco cervejas quando for ao pub.” “Ei, Amy, fume seu baseado, mas deixe o resto de lado.” Imagina a cara que ela iria te olhar?
Pela Amy Winehouse, sinto essa contradição, acho, parecida com a de todas as mulheres. Eu me identifico com a delinqüente, e a mulherona que cobre o Blake de porrada, mas me preocupo, como uma mãe com uma filha, a ponto de rezar por ela todas as noites. Uma reza sincera, para que Deus a proteja, igual faço pelas minhas meninas.
Amy, olha só: você é tão jovem... E quando fico emocionada tenho essa mania, cafona e burra, de usar reticências... Mas não!... Para a Amy Winehouse, não cabem emocionalidades baratas. A triste junkie que habita em mim não suportaria parecer uma mãezona dócil que faz promessa.
Então, mais uma dose. Por que que a gente é assim?
Por que bad boys são “os fodões” e bad girls são “as fodidas”? Por que os bad boys são símbolo de liberdade e as bad girls são presas para servir de símbolo? Por que bad boys são assim por rebeldia e as bad girls são assim por sem-vergonhice?
Aparentemente, o mau comportamento ficou de fora das conquistas feministas. Então que seja esta nossa nova luta: pela igualdade de direito de errar. Direito de fazer o que não se deve. De chegar em paz ao fundo do poço.
Dean Martin, Frank Sinatra, Sammy Davis Jr. e aquele outro, que eu esqueço o nome, bebiam todas, consumiam tudo, comiam qualquer uma – e eram o charmosíssimo “rat pack”.
Britney Spears, Lindsay Lohan, Paris Hilton e aquela outra, que eu também esqueço o nome, bebem uns champanhes a mais, tomam uns analgésicos, dão umas batidinhas de carro – e são as vadias bêbadas e drogadas de Hollywood.
É, o machismo acabou só para as caretas. Para as doidas continua valendo. Acho, inclusive, que as próprias mulheres têm culpa nesse atraso. Notoriamente mais competitivas entre elas, não competem apenas com a colega do lado, mas com todas as mulheres do mundo.
De Marilyn Monroe a Anna Nicole Smith, todas morreram sem uma amiga do lado. Por quê? Porque mulheres não são companheiras na sarjeta. Homens são. Ou seja, encontramo-nos no ponto em que, juntos, chegamos. Não sei se tem alguém torcendo contra a Amy Winehouse, no momento, mas, se tiver, é mulher."

Fernanda Young é escritora e roteirista
(publicação da Revista Trip em http://revistatrip.uol.com.br/blogs/trip/2011/07/28/toda-mulher-e-meio-amy-winehouse.html )

quarta-feira, 4 de julho de 2012



“Porque não é fácil ficar sozinho, não é fácil viver com alguém, mesmo que seja o grande amor da sua vida. Conviver é uma arte complicada. Haja tolerância, paciência e jogo de cintura para aguentar nossos defeitos e os do outro.”

— Fernanda Mello.

"...Afinal – vamos ser sinceros!- cheiro é cheiro, beijo é gosto, pele é química e eu não vou saber se te quero porque sua imagem de 480 pixels me deixou de boca aberta. Ah, não mesmo! Eu quero te provar. Literalmente. Palavra por palavra. Beijo por beijo. Frase por frase. Ao vivo e a cores."

Fernanda Mello

"E a receita é uma só: fazer as pazes com você mesmo, diminuir a expectativa e entender que felicidade não é ter. É ser. "

Fernanda Mello

"Eu comecei minha faxina. Tudo o que não serve mais (sentimentos, momentos, pessoas) eu coloquei dentro de uma caixa. E joguei fora. (Sem apego. Sem melancolia. Sem saudade). A ordem é desocupar lugares. Filtrar emoções. E fazer uma espécie de Feng-Shui na Alma. Que bons ventos tragam novas - e maravilhosas - energias!!!! "

Fernanda Mello

O amor em caixas


Das duas, uma. Ou você tem namorado(a), amante, parceiro (a); ou está sozinha. A sociedade prega que as pessoas vivam em pares. Isso não é de hoje. Mas eu gostaria de dizer que sinto uma imensa preguiça desse papo. Papo furado de quem leu muito “Romeu e Julieta”. Eu acredito no amor. Não como uma salvação. Mas como um prêmio de quem consegue se achar. E se conhecer. Não acho que a felicidade do outro esteja unica-e-exclusivamente em alguém. Longe disso. O que eu vejo muitas vezes são pessoas desesperadas para encontrar alguém. Mulheres lindas e inteligentes que acreditam que são menos por não serem dois. Fico triste com tudo isso. Muita gente casa sem querer. Namora sem saber os sonhos de quem dorme ao seu lado. As pessoas banalizam o amor e o colocam em pacotes. Com laços de fita e tudo. Muito chique. Da Trousseau.
(O que eu acho é que o mundo precisa de pessoas apaixonadas. Por elas mesmas.)

- Fernanda Mello

"Eu sou uma eterna apaixonada por palavras. Música. E pessoas inteiras. Não me importa seu sobrenome, onde você nasceu, quanto carrega no bolso. Pessoas vazias são chatas e me dão sono. Gosto de quem mete a cara, arrisca o verso, desafia a vida. Tem muita coisa dentro de você? Então jogue essa porra de identidade fora e senta aqui."

(Fernanda Mello)

terça-feira, 1 de maio de 2012

A idiotice é vital para a felicidade.



Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre.
Putz! A vida já é um caos, por que fazermos dela, ainda por cima, um tratado?
Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável:
mortes, separações, dores e afins.
No dia-a-dia, pelo amor de Deus, seja idiota!
Ria dos próprios defeitos. E de quem acha defeitos em você.
Ignore o que o boçal do seu chefe disse. Pense assim: quem tem que
carregar aquela cara feia, todos os dias, inseparavelmente, é ele. Pobre dele.
Milhares de casamentos acabaram-se não pela falta de amor,
dinheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de idiotice.
Trate seu amor como seu melhor amigo, e pronto.
Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselho
pra tudo,soluções sensatas, mas não consegue rir quando tropeça?
hahahahahahahahaha!...
Alguém que sabe resolver uma crise familiar,
mas não tem a menor idéia de como preencher
as horas livres de um fim de semana?
Quanto tempo faz que você não vai ao cinema?
É bem comum gente que fica perdida quando se acabam os problemas.
E daí,o que elas farão se já não têm por que se desesperar?
Desaprenderam a brincar.
Eu não quero alguém assim comigo. Você quer? Espero que não.
Tudo que é mais difícil é mais gostoso, mas... a realidade já é dura;
piora se for densa.
Dura, densa, e bem ruim.
Brincar é legal. Entendeu?
Esqueça o que te falaram sobre ser adulto,
tudo aquilo de não brincar com comida, não falar besteira,
não ser imaturo, não chorar, não andar descalço,não tomar chuva.
Pule corda!
Adultos podem (e devem) contar piadas, passear no parque,
rir alto e lamber a tampa do iogurte.
Ser adulto não é perder os prazeres da vida -
e esse é o único "não" realmente aceitável.
Teste a teoria. Uma semaninha, para começar.
Veja e sinta as coisas como se elas fossem o que realmente são:passageiras.
Acorde de manhã e decida entre duas coisas:
ficar de mau humor e transmitir isso adiante ou sorrir...
Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!
Aliás, entregue os problemas nas mãos de Deus e que tal um cafezinho gostoso agora?
A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios.
Por isso cante, chore,dance e viva intensamente antes que a cortina se feche!

(Arnaldo Jabor)




"Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo.
É o arremate de uma história que terminou,
externamente, sem nossa concordância,
mas que precisa também sair de dentro da gente."

Martha Medeiros



Sempre desprezei as coisas mornas,
as coisas que não provocam ódio nem paixão,
as coisas definidas como mais ou menos,
um filme mais ou menos ,
um livro mais ou menos.
Tudo perda de tempo.
Viver tem que ser perturbador,
é preciso que nossos anjos e demônios
sejam despertados, e com eles sua raiva,
seu orgulho, seu asco, sua adoraçao ou seu desprezo.
O que não faz você mover um músculo,
o que não faz você estremecer, suar, desatinar,
não merece fazer parte da sua biografia.

(trecho de O Divã)
Martha Medeiros



"Foram muitos dias nessa tortura,
então entenda que percorri todas as rotas de fuga.
Cheguei a procurar notícias suas pelos jornais,
pois só um obituário justificaria tamanha demora em uma ligação.
Enfim, por muito mais tempo do que desejaria,
mantive na ponta da língua tudo o que eu devia te dizer,
e tudo o que você merecia ouvir, e tudo. Mas você não ligou.
Mando esta carta, portanto, sem esperar resposta.
Nem sequer espero mais por nada, em coisa alguma, nesta vida, pra ser sincera.
No que se refere a você, especialmente, porque o vazio do seu sumiço já me preenche;
tenho nele um conforto que motivos não me trarão.
Não me responda, então, mesmo que deseje.
Não quero um retorno; quis, um dia, uma ida.
Que não aconteceu, assim deixemos para lá.
Estaria, entretanto, mentindo se não dissesse que, aqui dentro,
ainda me corrói uma pequena curiosidade.
Pois não é todo dia que uma pessoa não vai e não liga, é?
As pessoas guardam esses grandes vacilos para momentos especiais, não guardam?
Então, eis a minha única curiosidade:
você às vezes pensa nisso, como eu penso?
Com um suave aperto no coração?
Ou será que você foi apenas um idiota que esqueceu de ir?"

Fernanda Young


Ninguém quer confissões aqui. E nem é, sabe? E nem é importante...
Só um pouco... Um pouquinho. Como se ela tomasse um copo de uísque,
fumasse um Marlboro e mandasse uns três tomarem no cu.
É mais ou menos isso... Isso aqui.
Que não pretende ser confissão nem lembrança.
Nem emocionante, nem inteligente.
Nem valerá a página que será impressa.
Quantos dias perdi você olhando para mim dentro do seu corpo.
Enfiando-me em ti e tu em mim para revogar a dor de sermos dois.
E dois sempre tão longe.
Quanto de toda essa soma delirante tornou a perda inexorável?
Quero pedir desculpas por ser trovadora.
Quero apagar os versos que aludiam a um Deus como meu desejo projetivo.
Quero ser mulher.
Não na sublime ilusão que dura o encontro espumante.
E não quero mais o que não posso ter.
Assim estamos livres para sermos um.
Só isso. Comuns são os casais. Nós não somos nada.
O problema é que quero muitas coisas simples.
Então pareço exigente. Não posso fazer nada.
Então choro, oro, te esporro com mil xingamentos.
Você pode se divertir, você pode ter pena de mim.
Não queridinho, não irei me matar feito uma
discípula cega de uma religião apocalíptica.
Vou assumir o meu ódio, vou rir do meu ódio.
Vou sobreviver ao meu ódio.
Mesmo sabendo que estou razoavelmente sã e humanamente perdoada.
Cuspo na cara de quem finge não me ver.
E não quero mais me explicar.
Entender é trancar-se dentro da palavra.
Quem não sabe, quem não sabe, quem não quer saber de nada...
gruda a língua ao céu da boca, não escuta e finge que não vê.
Entender é um outro nível da ignorância.
Não é preciso nenhum livro para quem não precisa ler.
Vamos...Vamos logo subir essa escada que leva o amor ao último andar.
Sobe pelo corpo o tremor do castelo que desmorona.
Então vamos. Segura firme no corrimão. Respire fundo.
Subir tão alto dá vertigem e olhar para trás deixaria-nos cegos.
Os erros são medusas intransigentes.
Arrancam as nossas lembranças boas e tatuam os desaforos e mágoas.
Por isso marche.
Sinta o meu perfume enquanto o tempo sopra esse bafo de mudança.
A quadrilha dos desafortunados só começa quando um poeta recita um adeus.
No final, devo pedir perdão por tê-lo tocado.
Pode partir.
Lembre-se ou esqueça-se de mim.
Coração quebrado tem cura.
A paz de não precisar mais aguardar a perfeição que não existe.
Quero somente amortecer os erros e mudar de idéia.
Quem sabe o por quê do que?O que você está falando, mulher?Nada... Nada...

Fernanda Young



"Estar bem e feliz é uma questão de escolha e não de sorte ou mero acaso.
É estar perto das pessoas que amamos, que nos fazem bem e que nos querem bem.
É saber evitar tudo aquilo que nos incomoda ou faz mal,
não hesitando em usar o bom senso, a maturidade obtida com experiências
passadas ou mesmo nossa sensibilidade para isso.
É distanciar-se de falsidade, inveja e mentiras.
Evitar sentimentos corrosivos como o rancor, a raiva,
e as mágoas que nos tiram noites de sono e em nada afetam
as pessoas responsáveis por causá-los.
É valorizar as palavras verdadeiras e os sentimentos sinceros
que a nós são destinados. E saber ignorar, de forma mais fina e elegante possível,
aqueles que dizem as coisas da boca para fora ou cujas palavras
e caráter nunca valeram um milésimo do tempo que você perdeu ao escutá-las."
Fernanda Young